MADRUGADA
Tanta noite por passar…
e ainda não vislumbre a aurora que virá
só vejo luzes e mais luzes, umas estáticas outras adejando
lá longe ouço o barulho das casas fechadas,
na solidão das pessoas aí confinadas.
Latem os cães enfurecidos pelo sossego alheio
parecem querer partilhar a insónia cometida de ensejo
volte e procuro me apagar e são esquivas as tentativas!
Já sinto a agonia dos motores dos primeiros autocarros
de um novo dia da semana que irá despontar
deverá ser o das seis da matina que de longe percorre
estas ruas da cidade para deixar os primeiros jornadeies
em cada esquina da urbe cheia de vida para dar.
A cidade já remexe por todo o lado.
Da árvore que sacode a brisa vinda do mar
da flor que abrindo as pétalas anuncia um porvir,
é o tempo correndo sem nunca parar.
São as crianças afoitas de novo defeso escolares
tudo é mais alegre, tudo é um fulgurar
se nesta madrugada não ocorreu
a insónia desdita
amanhã o cansaço vai amainar.
Mateus Gouveia
26/09/05
Etiquetas: prosa poética