CALÇADA DE CARRICHE
Continuação da Homenagem ao Poeta António Gedeão (Rómulo de Carvalho). Assim como aos milhares de mulheres portuguesas:
(…)lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,(…)
(…)lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,(…)
5 Comments:
A condição da mulher em poesia...a força e a magia de ser mãe...Beijos Mágicos
Delicia que é a poesia de António Gedeão. A garra da mulher portuguesa bem homenageada aqui. O homem que se serve dela, ela que não dá por nada, e no dia seguinte, com a mesma garra de sempre batalha a vida. Boa escolha. Um abraço.
Cheio de movimento e força feminina este poema do António Gedeão. Beijinhos.
Aimda me lembro da primeira vez que ouvi a declamação deste poema.~
Foi à mais de vinte anos... e ainda hoje, sempre que o leio, ou ouço, sinto uma força, uma raiva contida e uma dor nostálgica que me invade.
Simplesmente, adoro-o.
Muito vibrante.
Muito bem e as mulheres Portuguêsas mereçem o que fazes!!!
A@+
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